GATOS E PIF: A MUTAÇÃO RARA, MAS
FATAL
Gatos e PIF: A Mutação Rara, Mas Fatal. Sem vacina segura, sem
diagnóstico fiável e sobretudo sem cura, a PIF é a infecção mais mortífera nos
gatos. Uma vez detectada, a esperança de vida restante do gato cai para 2 anos.
A Peritonite Infecciosa Felina (PIF) é causada por uma das dezenas
variantes do coronavírus. A presença do coronavírus nos gatos é uma doença
benigna, que geralmente não causa sintomas e que os gatos acabam por combater
eficazmente através da acção do próprio sistema imunitário. Na realidade, a
maioria dos donos não chega a saber que o gato esteve infectado por este vírus.
Contudo, em 1 a 3% desses casos, o coronavírus degenera numa variante
imunomediada quase sempre letal.
PIF e o sistema imunitário
O desenvolvimento da PIF está intrinsecamente ligada ao estado em que se
encontra o sistema imunitário. A PIF geralmente surge em gatos com um sistema
imunitário deficitário: pouco desenvolvido em gatos jovens, até dois anos,
enfraquecido em gatos idosos, com mais de 14, ou debilitado em gatos adultos,
frequentemente devido ao stress.
Gatos com outras doenças que afectam o sistema imunitário, tais como
leucemia (FeLV), ou uma espécie de SIDA (FIV) estão mais vulneráveis ao
desenvolvimento da PIF.
Paradoxalmente, um sistema imunitário combativo não faz com que a
progressão da PIF abrande, pelo contrário, vai gerar a aceleração da doença se
esta já estiver instalada.
PIF e Portadores
Nem todos os gatos nos quais se verifica a presença do coronavírus
desenvolvem sintomas. Em alguns, a doença manifesta-se meses ou anos após a
infecção ocorrer e, durante este tempo, podem infectar outros gatos.
Os gatos que se encontram em risco são aqueles que convivem com gatos
vadios e os que partilham a casa com outros gatos. Por gatos que convivem com
felinos de rua não se entende gatos que são passeados. Mas são de facto os
gatos que habitam sozinhos e que não saem de casa que menos riscos correm de
desenvolvem esta doença.
Tipos de PIF
Existem dois tipos de PIF: a Húmida ou Efusiva e a Seca ou Não-Efusiva.
Ambas podem causar diarreia, perda de peso e letargia. Na verdade a PIF não se
trata de uma inflamação do peritoneu, mas sim de uma inflamação dos vasos
sanguíneos, vasculite.
PIF Seca ou Não-Efusiva
A PIF Seca é uma forma crônica da doença que se não for tratada pode dar
origem à variante Húmida. É mais difícil de diagnosticar pois os sintomas que
apresenta não são exclusivos desta doença.
Sintomas
Lesões ocorrem por todo o corpo e os sintomas variam de acordo com os
órgãos afectados (rins ou fígado, por exemplo). Muitos gatos desenvolvem
inflamações oculares e/ou problemas neurológicos, tais como paralisia ou
ataques. Gatos com PIF Seca podem ainda desenvolver icterícia, ou seja, obterem
um tom amarelado na pele, que é mais visível no nariz.
PIF Húmida ou Efusiva
Esta é a variante mais grave pois para além dos sintomas que são
verificados na PIF Seca, há também acumulação de fluídos devido à danificação
dos vasos sanguíneos.
Sintomas
Na maioria dos casos de PIF Húmida, 60 a 70%, há acumulação de fluídos
no corpo, mais comummente no abdómen, o que gera um inchaço na zona abdominal.
O mesmo pode acontecer na zona toráxica, o que pode causar problemas
respiratórios adicionais.
Diagnóstico
A detecção da PIF não é tão fácil como à partido poderia parecer. Os
sintomas são comuns a outras doenças e ainda não há nenhum método em que não
ocorram falsos negativos ou falsos positivos, ou seja, gatos que se pensava
estarem infectados e mais tarde verifica-se que não, e gatos que se pensava não
estarem infectados e mais tarde verifica-se que estavam.
Métodos de diagnóstico:
Teste do coronavírus – este teste verifica se existem anticorpos do
coronavírus presentes no gato. Mas a presença deste pode dever-se a qualquer
outra variante do coronavírus que não seja PIF. Os anticorpos permanecem mesmo
depois de o vírus desaparecer, ou seja, pode dar-se até o caso de o ter estado,
e não estar actualmente, infectado com o coronavírus.
Polymerase Chain Reaction (PCR) – é uma das formas de detectar
especificamente o PIF, mas podem ocorrer falsos positivos, pois a presença do
vírus nem sempre indica doença.
Análises do fluído abdominal/toráxico / Raio-X – Só resulta nos casos de
PIF Húmida
Análise de Células dos rins ou fígado – É feita com anestesia local
através da aspiração. Pode ser indicativa no que diz respeito ao despiste de
outras doenças.
Biópsia – é a única forma eficaz de diagnosticar PIF. Mas submeter um
animal debilitado a uma operação para recolher amostras de um órgão é sempre
arriscado. Muitos dos diagnósticos de PIF só são certificados por isso depois
da morte do animal através de biópsia.
Combinação de análises de sangue – Esta é a forma mais útil, embora não
seja 100% eficaz, a fiabilidade dos resultados é alta. Podem ser feitas várias
combinações de valores. Um exemplo é: uma contagem baixa de glóbulos brancos,
valores altos de globulina e um teste positivo a anticorpos do coronavírus
geralmente apontam para um caso de PIF com bastante certeza.
Tratamento
Infelizmente não há tratamentos eficazes contra a PIF. Os gatos são
assim medicados na tentativa de eliminar ou aliviar sintomas. Contudo, não há
cura para a doença.
Eutanásia
Nos casos em que se manifestam sintomas e em que há um diagnóstico
sólido, a eutanásia é praticamente inevitável. O tratamento pode resultar no
alívio temporário dos sintomas, mas eventualmente a doença progride. Alguns
gatos recuperam, mas os casos são raros e constituem a excepção à regra.
Antes de optar por esta solução tenha a certeza de que se trata de PIF,
pois como foi referido anteriormente, nem todos os coronavírus causam PIF.
Prevenção
Ainda não é claro como é que o coronavírus é transmitido entre gatos,
mas sabemos que o vírus sobrevive durante 3 semanas a temperatura ambiente e
que as secreções são um foco infeccioso. Pensa-se que os principais meios de
transmissão sejam a ingestão de fezes e os espirros.
Existe alguma controversa em relação a casos de diagnóstico positivo em
gatos que partilham a casa com outros felinos. Por um lado, para evitar a
propagação do vírus a outros gatos, geralmente aconselha-se o isolamento do
gato infectado dos outros, mas isto provoca stress no gato e acelera a doença.
Sem forma de despistar a PIF de forma segura nos outros gatos, estes já podem
estar também infectados.
Por outro lado, se decidir manter os gatos juntos, a probabilidade de
virem todos a desenvolver PIF e terem todos o mesmo destino, a eutanásia ou
morte, é significativa. Aconselhe-se com o seu veterinário sobre a melhor forma
de lidar e conter a doença.
A PIF não é transmissível a humanos ou outros animais não-felinos,
embora também se possa encontrar o coronavírus nos humanos, por isso nunca
isole o gato com PIF dos humanos ou outros animais tais como os cães.
A higiene é a mais importante arma contra esta doença. O coronavírus
está presente nas fezes dos gatos e a caixa de areia deve ser limpa
diariamente. Um desinfectante comum é suficiente para erradicar o vírus.
A par destas precauções, certifique-se de que o gato se sente bem na sua
casa com a sua família. Gatos em stress estão mais vulneráveis à PIF e a
qualquer outra doença.
Existe uma vacina no mercado, mas por ser recente, ainda não é clara a
sua eficácia. Estudos apontam em direções diferentes, por isso siga o conselho
do seu veterinário em relação a este assunto. Geralmente só é aconselhada a
administração da vacina em gatos que vão viver em casas onde o vírus esteve
presente ou em animais em contacto com gatos vadios.
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